O backlog de patentes e o plano de ação do INPI
Publicado por Guerra IP
Conforme dados atuais extraídos da base de dados do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), existem mais de 115 mil pedidos de patente pendentes de análise pela Autarquia, o chamado backlog de patentes. Aqui, vale ressaltar que o INPI considera pendente todo pedido de patente atualmente depositado, e não somente os pedidos cujo exame já foi requerido. Ainda de acordo com a base de dados do INPI, conforme os dados mais atualizados que datam de dezembro de 2022, o prazo médio para a concessão de uma patente em primeira instância é de quase 7 anos.
Quando se trata do exame em segunda instância, o tempo para análise dos pedidos de patentes atualmente é, em média, de 4 anos.
Portanto, tomando como exemplo os prazos médios atualmente praticados pelo INPI, um pedido de patente que seja concedido, após a apresentação de recurso contra indeferimento por parte da requerente, pode levar cerca de 11 anos para que a patente correspondente seja concedida. Isto corresponde a mais da metade do prazo de vigência da patente. E é importante lembrar que, em maio de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional o prazo mínimo de vigência de 10 anos para patentes contados da sua data de concessão, prazo esse que a requerente tinha para usufruir do objeto da patente em caso de excessiva demora na análise realizada pelo INPI.
Para tentar mitigar os efeitos do backlog, o INPI, em outubro de 2023, lançou um Plano de Ação estabelecendo metas até 2025, sendo a mais importante delas a redução do tempo de análise dos pedidos de patentes depositados na Autarquia. O referido Plano almeja a concessão de patentes dentro de um prazo de 3 anos contados da data de depósito do pedido correspondente. Além disso, o INPI ainda prevê que em 2026, uma patente seja concedida no prazo de 2 anos.
Para alcançar tal meta, o plano prevê a contratação de 40 examinadores de patentes para as áreas de telecomunicações e biotecnologia, a área de telecomunicações sendo a área considerada mais críticas quando se trata de backlog de patentes em primeira instância, representado cerca de 10% do atual backlog, e a área de biotecnologia sendo a área considerada mais crítica quando se trata de backlog de patentes em segunda instância, com uma média de quase 6 anos para uma decisão final. Entretanto, a área de mecânica, atualmente, também tem média de decisão final em segunda instância próxima de 6 anos e, aparentemente, não foi contemplada pelo Plano.
Além da contratação de examinadores, o Plano prevê também a capacitação dos examinadores que já fazem parte do quadro administrativo da Autarquia por meio de seminários técnicos e implementação de ferramentas que automatizem/otimizem o serviço a ser realizado.
Com base nesse plano, o INPI encerrou em novembro de 2023, uma tomada pública de subsídios para discutir a eventual revisão dos procedimentos e prazos para realização de emendas e requerimento de exame de pedidos de patente. Como resultado, em 12 de dezembro de 2023, a Diretoria de Patentes do INPI informou que, a partir do primeiro dia de janeiro de 2024, a distribuição dos pedidos de patente para exame técnico passará a ser realizada com base na data do requerimento de exame técnico, e não mais pela data de depósito do pedido. Isto quer dizer que se o depositante requerer exame quando do depósito do pedido, esse pedido será encaminhado diretamente para análise técnica, o que poderia resultar na concessão da patente em poucos meses.
Em contrapartida, em 19 dezembro de 2023, o INPI emitiu novo entendimento, que entra em vigor em 12 de fevereiro de 2024, no sentido de que a requerente não pode mais apresentar emendas em segunda instância contra a decisão que indeferiu seu pedido, mas tão somente argumentos técnicos. Tal entendimento visa obviamente acelerar o exame e reduzir o backlog em segunda instância às custas da supressão de direitos da requerente.
Tendo em vista todo o exposto acima, o Plano do INPI parece ambicioso. Resta agora acompanhar se as metas estabelecidas serão cumpridas.
Fabio Albergaria Dias